quarta-feira, agosto 23, 2006

Tradução por favor!

A dirigente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, Guadalupe Simões, explica que:

"Acreditamos, apesar de tudo o que está para trás, que estamos perante um Governo de boa fé e acreditamos que esta negociação ainda vai decorrer este ano. Mas há uma coisa que não vamos permitir: fazer uma negociação em tempo recorde, para que qualquer coisa esteja pronta no final deste ano. (…) Porque, se o Ministério da Saúde e o Governo pensam que vão impôr coisas que não correspondam ao que os enfermeiros esperam, então, vamos ter um fim do ano de grande luta" - esclareceu a dirigente sindical.

Daria perfeitamente para um sketch do Gato Fedorento "falam, falam, falam e não dizem nada".

Enfermagem, talvez a profissão mais mal paga!


Recorrendo a factos observa-se que o ordenado base de um enfermeiro (Função Pública) é de 839,09€.
Como os descontos são obrigatórios retiramos 11% para a segurança social e 11% para IRS, o que soma 92,3 + 92,3= 184,6
839,09 - 184,60= 654,49
Supondo que o mês tem 30 dias trabalhamos 22 e ficamos com:
654,49/22= 29,75 € por dia.
Desculpem a incerteza, mas é de deduzir que este salário base é para um horário de 35h/semana o que perfaz 7h por dia:
29,75/7= 4,25€ à hora é o que recebe um enfermeiro.
Motivador não é?
Não foi acrescido o desconto obrigatório de 7,5€ mensais para a Ordem e ainda o desconto de 1% do ordenado que vai para o sindicato, neste caso 8,39€.
São possivelmente estes valores que explicam a necessidade do "duplo-emprego".
Quais são as outras profissões em que um licenciado recebe 4,25€ por hora de trabalho?
Não esquecendo a carga física, emocional e responsabilidade pela vida dos outros a que o enfermeiro está sujeito diariamente.

Sindicato muda nome a rua para criticar ministro

Sindicato muda nome a rua para criticar ministro
O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses atribui, esta quarta-feira, um novo nome à avenida de Lisboa onde se situa o Ministério da Saúde, em protesto contra a ausência de negociações sobre as alterações à carreira destes profissionais, disse fonte sindical.

Bolas! Hoje o ministro já nem dorme a pensar nisso!! Com medidas reivindicativas destas, vamos ter a carreira aprovada "nem daqui a cem anos"!
Será que não podemos começar a providenciar verdadeiras formas de protesto com algum impacto? Por ex. fechar estradas e vamos uns quantos presos, e depois?
Certamente teria algum impacto! Mais que mudar uma tabuleta numa rua, mais que as nossas insignificantes greves.
Greves essas em que somos obrigados a cumprir serviços mínimos e, uma vez que que os enfermeiros já estão no rácio mínimo dos serviços, não existe qualquer visibilidade!
Os únicos afectados na realidade, são os enfermeiros que têm que seguir turno, ou aos que lhes é acrescido o trabalho dos colegas que aderem à greve. O que vale é que as adesões às greves são baixíssimas.

domingo, agosto 20, 2006

A aparente simplicidade de prescrever Paracetamol

No post referente à prescrição de medicação por parte dos enfermeiros ou não, foi dado o ex. do Paracetamol, foi utilizada esta referência porque como muitos dizem "até a minha mãe pode prescrever Paracetamol", pois bem então vejam a notícia publicada pelo Infarmed:
"O Infarmed revelou que o paracetamol, substância activa dos medicamentos mais vendidos em Portugal sem receita médica, provocou, nos últimos três anos, meia centena de reacções adversas, sendo também associado à destruição do fígado, mesmo quando tomado em doses recomendadas. (...) o paracetamol pode provocar lesões no fígado e, em casos mais graves, hepatites fulminantes que podem obrigar a um transplante"

ENFERMEIROS DESPEDIDOS DO HOSPITAL DE VILA FRANCA DE XIRA

ENFERMEIROS DESPEDIDOS DO HOSPITAL DE VILA FRANCA DE XIRA


"(...) é actualmente um dos hospitais do Distrito de Lisboa com maior carência de Enfermeiros, pelo que o gozo do período de férias destes trabalhadores agudiza todos os verões este cenário" (...) "Já no Verão de 2005 o Conselho de Administração deste Hospital solicitou à tutela medidas de carácter excepcional para fazer frente a esta situação. A tutela nada fez, deixando passar em claro, uma situação de laboração do Hospital desumana para Enfermeiros e Utentes. Findo este período o Ministério da Saúde resolveu atribuir um louvor aos Enfermeiros pelo empenho demonstrado em condições de trabalho bastante adversas. No presente, o Hospital está a iniciar um processo de despedimento de Enfermeiros contratados, que estão a chegar ao limite de 3 anos de contrato"

E depois há falta de Enfermeiros!!
Como quase todos já perceberam, temos colegas a deslocarem-se sobretudo do norte para o centro e sul à procura de local para trabalharem. Então como ficamos? Há ou não há falta de Enfermeiros?
Também nunca percebi muito bem esta história dos contratos e o seu interesse, não sei de mais nenhuma profissão em que as pessoas trabalham dois anos, crescem, desenvolvem-se e quando estão a dar os seus melhores frutos, têm de mudar de serviços ou entrar em contratos pouco claros, ou trabalhar num local e ser contratado por outro?
O que me parece evidente é que os hospitais continuam em contenção de gastos através do "pessoal de enfermagem", os serviços têm falta de enfermeiros é verdade, mas as administrações não permitem a contratação de pessoal.
Em poucos anos a abertura desmesurada de escolas de enfermagem privadas e o aumento do nº de vagas colmatou a falta de Enfermeiros que se fazia sentir até aqui.
Ao longo dos anos os serviços têm mantido o nº de enfermeiros nos mínimos por serem escassos, neste momento, os enfermeiros que saem dos serviços não são substituídos por contenção de gastos, não por falta de enfermeiros.Esta situação é evidente para quem anda no meio hospitalar e serviços de saúde. Só alguns não perceberam isto, como é ex. a nossa Bastonária que quer aumentar o nº de vagas em enfermagem!

sábado, agosto 19, 2006

Prescrição de medicação, sim ou não?

Ainda referente ao II Congresso da Ordem dos Enfermeiros "Uma das questões que foi levantada no decurso do primeiro painel – e que motivou um extenso debate entre os congressistas – foi a possibilidade de os enfermeiros passarem a prescrever determinados medicamentos, seguindo o exemplo dado pelo Reino Unido."

Na minha modesta opinião nem se devia colocar esta hipótese.
Do que vivencio diariamente o tempo escasseia para o cumprimento daquelas que são as nossas funções, devendo ser esta a nossa principal preocupação, cumpri-las com rigor, competência, promover condições para que sejam prestadas atempadamente, bem fundamentadas, de forma reflectida e com qualidade.
Para que possamos prescrever um paracetamol, não temos somente que ter conhecimentos sobre os efeitos, indicações, contra-indicações e interacções deste medicamento, temos que conhecer todos os outros medicamentos que o doente toma, história da sua doença actual, fisiopatologia dos órgãos, antecedentes pessoais, etc, etc, etc, não fazendo alguns destes conceitos parte da nossa formação base.
Contudo, é nossa função estar atento a sinais e sintomas manifestados pelo doente e promover todas as acções que permitam melhoria na sua qualidade de vida, o que requer por vezes grande persistência, exigentes provas de esforço e alguns "desaforos" que valem a pena se cumprirmos o nosso objectivo, ajudar aqueles que dos nossos cuidados carecem. Seria muitas vezes mais fácil "simplesmente" prescrever, mas não queremos o mais fácil mas sim o que é melhor e mais correcto. Poderá ser facilitador a existência de protocolos, sobretudo para situações que se prevê a ocorrência de determinada sintomatologia ou o seu agravamento.

Conclusões do II Congresso da Ordem dos Enfermeiros

Proponho que leiam as conclusões tiradas do II Congresso da Ordem dos Enfermeiros, intervenção da Enf.ª Teresa Oliveira Marçal, a 12 de Maio de 2006, o texto inicia com: "O Congresso que ora termina excedeu as nossas melhores expectativas." (…) "Ao longo destes três dias, procuramos respostas a desafios que actualmente se nos colocam. Respostas que assumimos construir a partir de uma visão estratégica e de um entendimento comum das áreas estruturantes para os cuidados e para o desenvolvimento da profissão." depois são descritos vários pontos referentes às prioridades a atender e termina com: "Estas reflexões não deixarão de nos acompanhar e de nortear a nossa acção futura".

Pois bem, li e reli o documento e não consegui recolher qualquer informação que me levasse a perceber qualquer intenção inovadora ou algo que desconhecesse. Até fui verificar em que ano tinha sido elaborado este texto não fosse ser uma edição da década de 80.
A meu ver este deveria ser um texto que deveria informar, quem não esteve presente, quais as novas estratégias a adoptar, quais as inovações a fomentar e tentar implementar na enfermagem, algo inovador, mas….
Segundo me apercebi no serviço onde exerço funções, foram ao congresso as mais altas patentes da Enfermagem, Chefes e Sub-chefes, Directoras, Professores e tenho a certeza que muitos tinham conhecimento de necessidades emergentes e que muitos tinham ideias bem inovadoras de reformas necessárias. Será que foram ditas mas não vêm referidas nas conclusões tiradas do congresso? Será que não estou a saber interpretar o texto? Será que os congressistas são sempre os mesmos ao longo dos anos e não trouxeram nada de novo?

Movimento Enfermagem

O Movimento Enfermagem nasce no sentido de tentarmos em conjunto promover e melhorar a Enfermagem que até hoje não conseguiu afirmar as suas competências profissionais junto dos cidadãos, restantes profissionais de saúde e sobretudo junto dos representantes políticos.
Contrariar a "invisibilidade da profissão", quando por sua vez, é segundo sondagens internacionais, uma das 5 profissões mais prestigiadas do mundo Ocidental.
É pura demagogia promover a qualidade nos cuidados de saúde, quando a prioridade dos “gestores” de organizações hospitalares é o corte de despesas com a enfermagem, redução de “pessoal”, inexistência de carreira, manutenção de baixos salários, desvalorização da formação avançada, ....
Pretende-se manter isenção política, mas denunciar todas as decisões políticas que contrariem a promoção da profissão e dos profissionais de enfermagem, tal como todas as situações que privilegiem interesses de grupos (ex: médicos, gestores hospitalares, ANF).
Debater o que as organizações que nos representam andam a fazer por nós e de alguma forma sermos mais críticos e exigentes.
Todo o Enfermeiro que ler este post passa a ter o dever de colaborar neste movimento, disponibilizando comentários, artigos, críticas, opiniões, recomendações de sites, livros, disponibilizando contactos, divulgando o movimento, de forma a reunirmos argumentos e estratégias consistentes que nos permitam ser mais activos e lutar pelas causas que consideramos justas.
Será o nosso objectivo a união dos profissionais e actuarmos de forma a termos visibilidade, acabar com greves despropositadas e promover acções com impacto. Todos juntos e a caminharmos no mesmo sentido temos muita força.
Todo o cidadão tem por seu interesse ter enfermeiros motivados e a prestarem cuidados de qualidade. São assim também convidados a colaborar nesta causa que afinal pertence a todos nós.